Hospital Mental afirma que não há indícios de suspeitas contra trabalhadores e vai rever afastamentos

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Em reunião na manhã desta quarta-feira, 06/07, solicitada pelo Sindsaúde Ceará, o diretor do Hospital Mental, David Queiroz, afirmou que não há nenhum indício de suspeita sobre qualquer um dos trabalhadores afastados. Diante da repercussão que o caso ganhou na imprensa, ele lamentou que os profissionais estejam sendo apontados como suspeitos do crime, que segundo ele, está sob investigação. Ele disse ainda que não tem conhecimento do conteúdo do inquérito. Participaram da reunião pelo Sindsaúde, o presidente em exercício, Messias Carlos, a diretora Regina Célia Morais e o advogado Bruno Rafael. Também participaram da reunião quatro dos seis trabalhadores afastados arbitrariamente.

Os trabalhadores foram comunicados do afastamento no dia 30/06 durante uma reunião virtual. Nenhum deles foi sequer chamado para prestar depoimento na investigação.

O paciente Felipe Quintela, de 34 anos, foi encontrado sem vida no leito da enfermaria na manhã do dia 18/06. De acordo com os protocolos de rotina do hospital, há uma contagem dos pacientes no turno da noite a cada hora. Não é permitido acender a luz nem tocar os pacientes. Dessa forma, nenhum dos integrantes da equipe de enfermagem do turno da noite percebeu que Felipe estava sem vida. A constatação só veio quando um profissional do turno da manhã veio acordá-lo para o café da manhã.

“Nós não temos culpa e estamos sendo apontados como assassinos. Eu não paro de chorar” – disse a técnica de enfermagem Elizabeth Farias. “Eu nunca tive uma advertência sequer e agora sofro ameaças, sendo julgada por algo que não fiz”. – afirmou. “Nós queremos ajudar na investigação e queremos saber quem matou o Felipe e porque isso aconteceu” – disse a enfermeira Rocicléa Ribeiro, que está sem trabalho depois do afastamento. “Não tem segurança nenhuma nesse hospital pra gente trabalhar. Eu mesma já fui atacada por uma paciente e, com sorte, dois seguranças e dois colegas conseguiram evitar que eu fosse entrangulada” – conta. “O mesmo risco que corre um paciente, corre a gente que trabalha aqui e é isso que precisa mudar” – concluiu.

Após a reunião, o diretor se comprometeu a rever a decisão do afastamento dos trabalhadores e encaminhar uma nota com retratação para a imprensa. Ele também admitiu que há problemas de segurança na unidade de saúde e de dimensionamento de profissionais, atualmente sobrecarregados com a demanda da unidade.

O Sindsaúde Ceará se solidariza aos trabalhadores do Hospital Mental de Messejana, afastados de forma arbitrária diante de mais esse episódio trágico nesta unidade de saúde. “Nós queremos que a investigação seja feita e que os verdadeiros responsáveis sejam apontados” – afirmou o presidente em exercício do Sindsaúde Ceará, Messias Carlos. “A gente está acostumado a ver a corda quebrar do lado mais fraco, mas no que depender do Sindsaúde, nós vamos defender esses trabalhadores de toda essa covardia. Eles estão sendo injustiçados e isso precisa ser corrigido imediatamente” – concluiu.

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