Hospital Mental – Sindsaúde cobra explicações sobre afastamento de trabalhadores após morte de paciente

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Felipe Quintela, de 34 anos

Era manhã do dia 18 de junho passado, quando o paciente Felipe Quintela, de 34 anos, portador de problemas mentais, foi encontrado sem sinais vitais em uma das enfermarias do Hospital Mental de Messejana. O fato deixou assustados outros pacientes, familiares e trabalhadores daquela unidade de saúde, que há tempos vem denunciando a falta de segurança neste hospital.

Em reunião virtual na última quinta-feira, 30/06, o diretor do hospital realizou reunião virtual com a equipe que estava de plantão no dia da ocorrência e afastou os cinco trabalhadores cooperados. Quando à servidora que estava de plantão no dia da ocorrência, esta foi retirada do plantão noturno sem que tenha sido feito sequer um procedimento administrativo. “Estamos nos sentindo punidos por algo que não temos culpa. O que aconteceu com o Felipe poderia ter ocorrido com a gente também. Não tem a menor condição de segurança pra gente trabalhar ali” – conta a técnica de enfermagem Elisabete. Ela continua: “Tem paciente demais para uma equipe pequena. Quase todo dia tem caso de agressão seja contra a gente seja contra outros pacientes” – desabafa.

De acordo com laudo pericial, o paciente Felipe Quintela foi morto por estrangulamento. A mãe de Felipe, Francisca Quintela, através de mensagem de voz, disse que vai cobrar justiça pela morte do filho, que estava sob a tutela do Estado. “Eu deixei meu filho bem fisicamente lá e recebi meu filho morto. Mataram meu único filho” – lamentou.

Crise no Hospital Mental

No último dia 12/06, o Hospital Mental de Messejana ocupou as manchetes dos jornais após um incêndio na unidade provocado por um paciente. No dia seguinte, o Sindsaúde Ceará publicou denúncias de trabalhadores revelando várias situações de perigo para trabalhadores e usuários dos serviços nesta unidade de saúde.

Uma trabalhadora, que preferiu não se identificar por temer represálias, contou que a equipe de segurança que atua na unidade só conta com dois seguranças durante o dia e um durante a noite. Ela contou ainda que há setores fechados, com até 45 pacientes, que não possuem sequer um extintor ou saída de emergência. Ela disse ainda que as agressões a trabalhadores são comuns.

Há casos de agressões a trabalhadores rotineiramente” – conta. “E não é só isso. Tem muitos episódios de importunação sexual dentro da enfermaria, expondo pacientes e trabalhadores”, continua. E não para por aí. Ela relatou que detentos, homens, mulheres e crianças com transtornos mentais dividem o mesmo espaço. “Já aconteceu de um homem se masturbar na presença de mulheres e crianças que estavam aqui aguardando transferência para o Sopai”- conta reforçando o pedido de socorro.

“A gente não tem as mínimas condições dignas pra trabalhar” – afirmou outra trabalhadora. “Eu temo que as pessoas lá fora só saibam disso quando ocorrer uma tragédia” – concluiu. A morte de Felipe aconteceu cinco dias depois da publicação das denúncias, seis dias após o incêndio.

O Sindsaúde Ceará esteve no Hospital Mental de Messejana na manhã desta segunda-feira, 04/07, e protocolou pedido de reunião com a gestão da unidade. Uma reunião está marcada para a próxima quarta-feira, 06/07.

Confira reportagem:

Confira ofício protocolado junto à Direção do Hospital Mental de Messejana:

No mês de junho passado, o Sindsaúde Ceará foi procurado por servidores, que denunciaram as péssimas condições de segurança na unidade de saúde. Eles temiam uma tragédia. Confira: Clica Aqui

 

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